segunda-feira, 2 de julho de 2012

“Ano de política”



2012 é mais um ano de eleições, não um “ano de política”, como muita gente fala. Até mesmo porque política se faz mesmo é diariamente, acompanhando as notícias, as ações dos governantes, a postura de parlamentares, membros do executivo, membros de partidos, discutindo ideias, enfim, participando efetivamente da vida política do lugar onde se vive.
No nosso país, porém, são muitos os que dizem não gostar de “política” e se limitam a dela participar com o seu “direito obrigatório” mais fundamental: o voto. Depois, esquecem em quem votaram ou se limitam a reclamar da ação (ou da falta de ação) dos seus candidatos em mesas de bar, em suas casas ou em conversas informais do cotidiano. Nada de acompanhar as sessões da Câmara Municipal ou mesmo ver a TV Câmara ou TV Senado (na verdade, o que parece é que maioria dos que compraram antenas parabólicas o fizeram apenas para ver melhor um único canal...).
O problema da expressão “ano de política” é que fica parecendo que só existe (ou só se faz) política no país de dois em dois anos! Assim, a população segue alienada, alijada do processo político, participando apenas do processo eleitoral. Cabe-lhe, então, só a escolha dos candidatos, muitas vezes motivada por interesses particulares ou informações distorcidas da grande mídia nacional.
Enquanto a população continuar se eximindo da efetiva participação política, os ocupantes de cargos eletivos continuarão livres para burlar as leis, desviar recursos públicos, não cumprir promessas de campanha, pois não serão cobrados por nada disso. Pelo contrário, têm certeza da impunidade dos seus atos e o pior: têm certeza da sua absolvição pelos eleitores, afinal retornam aos mesmos cargos nas próximas eleições “pelos braços do povo”, que já deu provas inequívocas de que tem memória curta. E a memória é essencial para se refletir sobre a política no Brasil, já que neste país não são poucos os governantes envolvidos em episódios de corrupção e mau uso de recursos públicos.
Esse quadro de omissão política do povo brasileiro só pode lhe trazer os piores resultados possíveis. Se quisermos ver mudanças verdadeiras na situação geral do país, precisamos buscar fontes alternativas de informação, variar a leitura de jornais e revistas, sites na internet e também os canais de TV e, de posse das informações, cobrar com mais veemência dos políticos a sua ação para a melhoria da coletividade. Como dizia o historiador inglês Arnold Toynbee, “o mal daqueles que não gostam de política é que serão governados por aqueles que gostam”.

Um comentário:

  1. André,

    Às vezes, sinto que estamos num mato sem cachorro. Por um lado, a grande massa prefere achar que todo político é igual, o que equivale a dizer que tanto faz votar neste ou naquele: muito conveniente para os corruptos. Por outro lado, com o argumento inverso, alguns dos mais indignos sustentam um discurso de que estão sendo perseguidos por essa generalização. Nas convenções partidárias que ocorreram no último sábado, um deputado estadual do PDT (vou poupar-lhe o nome) estava na convenção do PT, enquanto o candidato de seu partido lançava candidatura a prefeito na outra convenção. O nobre deputado falava em nome do Governador (do PT) e pedia voto para a coligação do seu chefinho político. O sujeito estava, claramente, vendido. Mas veio com o discurso de que, por causa de Cachoeira e Demóstenes, todos eles (coitados) sofrem. Até aí não me espanta. O triste foi ver o povo aplaudir e, sei lá..., até sentir pena do pobre perseguido.

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