segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Leituras de qualidade



O ato de ler é fundamental. E se considerarmos uma sociedade alienadora e passiva como a nossa, esse ato se reveste de ainda maior relevância. Por isso mesmo, devemos aproveitar a mídia que se propõe a divulgar a cultura para esclarecer sobre os instrumentos de mídia deste país e orientar para a escolha deles. Nesse sentido, é importante abrir espaço para falar das revistas que circulam no país, tentando dar uma singela contribuição para que a verdade dos fatos chegue ao alcance daqueles que leem com regularidade.
Primeiro, se você quer informação sem máscaras, descarte a dupla Veja/Época. A primeira é uma excrescência, alienadora, deturpadora, dotada de uma linha editorial perversa e elitista. Basta dizer que a Veja se recusa a mencionar a Ditadura Militar, chama-a cordialmente de "Regime Militar", desafiando a memória dos brasileiros. Além disso, contar com pseudo-articulistas como Diogo Mainardi é sem dúvida um horripilante cartão de visitas! A segunda, só por pertencer ao grupo Globo, dispensa maiores apresentações. Se pertence ao grupo de Roberto Marinho, um dos maiores apoiadores dos ditadores neste país, não pode servir mesmo para informar.
Do rol das revistas semanais, a Istoé também não chega a ser muito recomendável, mas pelo menos difere das anteriores por manter certa independência em relação a alguns assuntos da vida política nacional. Apesar da associação ao capital estrangeiro, ainda mantém uma linha editorial menos elitista que as anteriores, mas ainda tem de caminhar muito para mostrar a realidade sem máscaras. Destaque para as páginas finais, nos setores de arte e ciência e seus articulistas, como o grande Zeca Baleiro.
Citando agora o grupo das revistas "do bem", quer dizer, aquelas que se esmeram em buscar a verdade, não importando a que grupo político contrariam, estão nele sem dúvidas a Caros Amigos e a Carta Capital. A primeira, mensal, é um totem da independência editorial e da resistência ao tendencioso mercado editorial brasileiro. Quem dera tivéssemos mais umas dez publicações como essa! Talvez o seu estilo inconfundível, de largas páginas em preto e branco, com letras pequenas e textos densos e reveladores, afastem uma boa parcela da população que prefere as fotos coloridas e textos curtos e cheios de ironia. Só pelos seus colaboradores, já temos um time de primeira: José Arbex Júnior, Marilene Felinto, Ana Miranda, Emir Sader, Frei Betto, entre outros igualmente ótimos.
Já a Carta Capital resiste como a revista semanal que incomoda a grande mídia. Parabéns ao coerente e competente Mino Carta, que faz da sua revista um oásis de coerência e boa informação no cenário editorial brasileiro. Trata-se de uma ótima publicação, atualizada e condizente com a análise imparcial dos fatos políticos e econômicos, além de contar igualmente com bons colunistas e boas matérias sobre ciência e tecnologia.
Em tempo: há que se destacar também a revista Fórum, publicação mensal do Fórum Social Mundial, pela Publisher. Com um projeto independente e inovador, é a primeira do país a ser editada em papel reciclado, evidenciando também sua preocupação ecológica. Com um preço mais acessível, traz entrevistas e matérias de pouco destaque na “grande mídia”, mas que são esclarecedoras e muito bem feitas.
Enfim, preliminarmente, vai aqui uma análise de algumas das principais revistas de circulação nacional. Se você é assinante de algumas das três primeiras, experimente ler uma das três últimas, ou as três, melhor ainda. Você certamente sentirá a diferença. Ou prefere ser escravo de uma só opinião? Já não bastam consultórios médicos e odontológicos e salões de beleza, que te empurram quase sempre Veja ou Caras (argh!)? Fala sério, hein?
Um abraço... e abra o olho!

2 comentários:

  1. Maravilhosa a forma que vc trata desse assunto André.Incrivel tb, como uma grande maioria da população brasileira se limita em ler revistas de baixa qualidade e de tão pobre conteúdo como istué e veja.Mas graças a um jornalismo sério e compromissado com as inquietações sociais temos a felicidade de termos nas bancas revistas como a carta capital. E mais felicidade temos, em termos ao nosso lado uam pessoa como vc, q além de detecar os problemas , vc nos faz pensar muito com suas inquietações.Parabéns, g.

    ResponderExcluir
  2. Este é um pensamento que me assusta. Existem revistas de direita e de esquerda. Revistas que se assumem como tal ou não. Revistas que são mais ou menos tendenciosas. Leituras que nos agradam mais ou menos. Mas não há revista "do bem". Todas obedecem a determinada linha editorial e, mesmo quando esta tenta ser equidistante, é impossível ser imparcial.

    Não devemos abrir páginas que nos agradam e ter a impressão de que estamos com a verdade em nossas mãos. É preciso refletir, criticar e questionar. Sempre.

    ResponderExcluir