sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Chuva

Dizem que a chuva ajuda a lavar as sujeiras do tempo. E assim, com os pingos refletidos no vidro da janela, ela se levantou e, decidida, resolveu enfrentar o vento frio e cortante, rumo àquilo que tanto hesitou em fazer. Seu caminho era longo,as pessoas não lhe lançavam olhares, apenas um fio de vento a conduzia rumo ao seu destino. A noite já chegava, trazendo seus filetes densos e escuros na abóbada do céu. Era a hora. Ainda chovia,e cada pingo grosso e impetuoso era uma sentença. Finalmente, ela chegou. Não bateu na porta.Decidiu esperar, sob a chuva, pelo momento em que se encontrariam. Até pensou como seria... criou uma cena cinematográfica em sua mente. Muitos minutos se passaram, a chuva não deu trégua. A noite não parou de acontecer, lentamente, como quem envolve o outro num denso lençol. Ela não desistiu. Não sabia mais o que eram lágrimas ou pingos de chuva, num mosaico incolor e triste, idêntico ao sentimento transtornado que embaralhava seus pensamentos. Não bateria na porta. Não mudaria sua ideia. Um movimento, uma luz...alguém vem vindo... Será? A porta não se abriu, mas foi perto. Aquela luz nunca foi vista. Por um instante parecia que viria, que a luz inundaria a sua vida novamente, mas do estado de coma ela só caminhou lentamente para a morte. E o sorriso que carregou como última expressão de seu corpo mostrava que de alguma forma, aquela porta poderia ainda se abrir, numa outra estação.

2 comentários:

  1. Muito obrigada, Dé! Exatamente isso, a escola guarda uma das melhores épocas de nossas vidas mesmo. Mas enfim, meus parabéns pelo texto, muito bom (como sempre). Parabéns!

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  2. "Haverá sempre um vale onde nos encontraremos novamente" mais ou menos isso, não é? LINDO TEXTO! PARABENS!

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