terça-feira, 7 de abril de 2009

De novo o Teatro dos Vampiros


Podem me chamar de saudosista. Acho que sou mesmo. Sempre digo que se tivesse uma máquina do tempo jamais iria para o futuro. Por mais contraditório que isso pareça, a minha curiosidade se volta para o passado. Será possível sentir saudade de algo que não vivi? No meu caso, acho que sim...
E quanto a esse "saudosismo", ele está muito presente quando o assunto é programação da TV nos dias de hoje. E isso vale para os filmes, séries e desenhos animados, além das telenovelas e telejornais.
Deixa eu ser mais claro: cresci vendo TV, não nego, mas por sorte, a TV a que assisti não é nem de longe a mesma dos dias de hoje. Era tempo de novelas que ainda traziam alguma coisa de especial além de tramas repetitivas e enxurradas de cenas de sexo e futilidades. Os desenhos animados eram realmente divertidos e educativos, não esses desenhos psicóticos que vêm do Oriente, cheios de cenas violentas e histórias fúteis.
Os filmes estão cada vez mais cheios de efeitos especiais, e são mesmo cada vez mais especiais esses efeitos! A tecnologia aplicada nos filmes de hoje dá um show à parte, mas não evita que vidas sejam tratadas com tamanha banalidade, valendo nada para os heróis e para os vilões. Tirar a vida de uma pessoa é algo tão comum nesses filmes que chega a incomodar... Mas é algo tão banal que muita gente nem se apercebe disso!
As séries... bem, as séries são um capítulo à parte. Elas representam, em alguns casos, a perfeita definição do desarranjo da TV atualmente. A maioria delas ou está vinculada a mirabolantes (e muitas vezes fantasiosos) aparatos policiais que descobrem crimes e seus autores com um simples espirro na ventania ou a situações profissionais ou acadêmicas relacionadas a muito sexo e a comportamentos pouco éticos que são adorados por seus telespectadores.
Que saudade de séries como Anos Incríveis, que com maestria e inigualável sensibilidade conta na história de Kevin Arnold um pouco da história de cada um de nós. Sem precisar de cenas apelativas de sexo ou violência. Sem contar a maravilhosa trilha sonora...
Tantas outras séries, sem tantos efeitos tecnológicos, como Esquadrão Classe A, Super Máquina e outras mais recentes, com bem mais desses recursos, como Bones e Life (exemplos das mirabolantes forças policiais citadas acima, é verdade...) traziam e trazem ótimas histórias sem precisar de tantas incursões pelas cenas constantes de sexo ou cruel violência.
O problema é que a audiência de séries fúteis e repetitivas, cujos nomes não citarei aqui para não despertar a curiosidade e consequentemente correr o risco de aumentar sua audiência, faz proliferar suas cópias e sua permanência no ar por ainda mais tempo.
A (falta de) qualidade da programação televisiva (aberta ou fechada) é diretamente proporcional ao público que a assiste. E infelizmente, num ciclo maléfico, parece que a má programação aumenta à medida que aumentam os telespectadores sem critérios e que se empolgam com as mesmices e futilidades de cada dia na TV.
Fato é que está difícil suportar a TV. Mesmo a fechada tem trazido em sua programação uma enxurrada de porcarias como já foi dito antes. A diferença é que lá é possível optar, o telespectador tem a possibilidade de escolher uma programação melhor (ou menos pior, conforme o caso). De qualquer forma, a TV fechada é ainda a prova de que não se faz uma programação de qualidade para a TV aberta porque os donos das grandes redes não querem. Coitado do telespectador da TV aberta numa tarde de domingo, por exemplo, que não tem "para onde correr". Quer dizer, tem sim: corra para um livro, meu amigo!

6 comentários:

  1. Concordo com você e tenho me apegado cada vez mais ao passado que não vivi, por conta da superficialidade do atual com relação à realidade.

    Abraço, André!!

    Roberta.

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  2. Passado..tem algo melhor do que lembrá-lo e refletir bons e maus momentos?!Lembrar não para reviver mas para entender um pouco mais esse presente que cada vez mais esta nos deixando angustiados.Andre,vc sempre com um senso crítico maravilhoso!
    Parabéns, beijo!

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  3. O imaginário popular tem essa sede pelo grotesco. E a grande mídia se aproveita dela para "vender o seu peixe". Afinal, há muito tempo que as informações que circulam nos meios comunicacionais vêm perdendo a sua responsabilidade de infomar e formar. Cada vez mais, elas se reduzem a isso: mercadorias.

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  4. O imaginário popular tem essa sede pelo grotesco. E a mídia se aproveita dela para "vender o seu peixe". Afinal, há muito tempo que as informações veiculadas nos meios comunicacionais vêm perdendo a sua função primordial de informar e formar. Cada vez mais, elas se reduzem a isso: mercadorias.

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  5. Corroboro com suas opiniões, realmente está díficil assistir as programações televisas de hoje, fico me perguntando como será o futuro desses adolescentes que vivem nesse mundo da tecnologia e da globalização, mas, que pouco tem extraído algo de positivo, educativo, enfim, a midia precisa renovar e reiventar, mas, bebendo da fonte do passado. Abraços!!!

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  6. Infelizmente o preceito aplica-se tambem ã musica, literatura e demais "itens culturais", num mundo onde pessoas se acham cultas por lerem Crespusculo ou escutarem Caetano, vivemos a ditadura dos Best sellers, da modinha intelectual, muitas vezes meros enlatados para o americano médio, um Hommer Simpson montado num motor V8, que me faz lembrar da frase da música dos Titãs "Um idiota em ingles, se é idiota, é bem menos que nós"...
    Sera culpa de Collor? que deixou essas porcarias nos invadirem??? Maldito Collor!
    Exemplo de que cultura nao é interesse é o fato do seriado Roma ter sido suspenso pela HBO - nao vendia! o individou queria era ver batalha, braco cortado, sangue espirrando, cabecas decepadas com um golpe de espada e Cleopatra em sua odisseia sexual com Marco Antonio...ninguem estava interessado em ver a politica romana, em como as leis criadas ha dois mil anos ainda servem de base para as atuais, ou como a religiao sempre serviu como instrumento politico, ninguem esta afim de prestar atencao na maior inspiracao do imperio dos EUA, esta mais interessado em assistir o que os EUA faz ora nos colonizar....igualzinho os romanos fizeram com o resto do mundo.
    Como dizia Raul, "É pena eu nao ser burro", Arnaldo Jabor mesmo vive dizendo "Que gente chata essa que quer ser sempre culta, coesa e visceral, a ignorancia é pressuposto essencial para a felicidade". bebamos coca-cola, assistamos seriados enlatados, musicas fabricadas e junk food! sejamos felizes! yes, we can!

    David Cintra

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